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VISTA A PARTIR DO MORRO DO PAI INÁCIO, POR ROLÊ FAMÍLIA @rolefamilia

CONHEÇA A
CHAPADA DIAMANTINA

Saiba mais sobre a história, cultura, geologia, fauna e flora da Chapada Diamantina.

História

“Assim como em todo o país, os primeiros habitantes da região foram os povos indígenas. Na sequência, chegaram os colonizadores e os africanos. Da agropecuária ao garimpo, a região se destacou na economia nacional, contribuindo, inclusive, com importantes obras estrangeiras”.  (Trecho retirado da 9ª Edição do Guia de Viagem Chapada Diamantina, 2023-2025)

Diamantes da Chapada Diamantina na mão de um garimpeiro, por Açony Santos @acony

Diamantes na mão de um garimpeiro, por Açony Santos @acony

Ocupação e Povoamento

O processo de ocupação econômica e de colonização da Chapada Diamantina começou no século 16, vinculado à chegada dos bandeirantes no interior do Brasil para captura de índios. Até meados do século 17, viviam nessa região as etnias indígenas Tapuia, Payayá, Guerén, Tupinambá, Cariri e Maracá. 

O povoamento iniciou-se com a divisão da Sesmaria em fazendas de pastagens para pecuária e expansão agrícola nas fronteiras regionais norte e nordeste, onde, atualmente, se localizam as cidades de Jacobina e Rio de Contas, principais núcleos da mineração do ciclo de ouro. 

O sistema de expansão econômica, implantado na região por meio do regime escravagista de índios e negros, promoveu a produção agropecuária e a garimpagem do ouro. O processo histórico, caracterizado pela expansão escravagista e exploração, resultou na formação cultural e histórica da Chapada Diamantina. 

 

Ciclo do Ouro e do Diamante

As primeiras descobertas de ouro aconteceram no norte da Chapada Diamantina, especificamente na região de Jacobina, por volta de 1701, processo econômico que desencadeou o início do povoamento. Em seguida, foram descobertas as jazidas de ouro no Rio de Contas, que deu origem à cidade de mesmo nome, em 1726.

A decadência dos garimpos de Jacobina, no século 19, após a escassez do ouro de aluvião, forçou o êxodo dos garimpeiros e os introduziu em um novo ciclo, o de diamantes, com a descoberta das gemas na Chapada Velha, em 1817, na Serra do Gagau. Um ano depois, em 1818, os naturalistas alemães Spix e Carl von Martius, ao atravessarem a região, comprovaram a existência de diamantes no leste da Chapada Diamantina e informaram ao sargento-mor Francisco José da Rocha Medrado, proprietário das terras da Serra do Sincorá (Mucugê, Lençóis, Andaraí e Palmeiras).

Os garimpeiros das decadentes minerações de ouro na região de Jacobina e Rio de Contas, em 1844, informados da existência das pedras na Serra do Sincorá, movem-se para a região das Lavras Diamantinas, onde se localizam as cidades de Mucugê, Lençóis, Andaraí e Palmeiras.

A descoberta dos diamantes na Serra do Sincorá ocorreu no ano de 1844, quando Pedro Ferreira, um escravo de José Pereira do Prado, vulgo Cazuzinha do Prado, tropeiro da cidade de Piatã, ao regressar do Recôncavo Baiano, parou para descansar à beira do Rio Mucugê e, em suas margens, encontrou diamantes de grande valor. O escravo, por ordem de seu dono, foi vender parte das pedras para comprar mantimentos na Chapada Velha, porém, lá foi preso e acusado de tê-las roubado de algum comprador.

O achado dos diamantes despovoou os antigos núcleos de Minas Gerais e da Bahia e atraiu uma média de 25 mil pessoas interessadas na lavra recém-descoberta, transformando a região de Mucugê no centro de mineração da Bahia. A mineração nas Lavras Diamantinas acelerou de tal forma a produção que mudou a Economia do estado da Bahia. Em Lençóis, a exploração dos garimpos de diamantes e carbonatos ocorreu no ano de 1845, e tempo depois tornou-se o principal centro comercial irradiador das Lavras Diamantinas.

A mineração de diamantes iniciada em 1844 perdurou até 1871, ou seja, 27 anos de atividade. Entretanto, a descoberta dos diamantes do Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, fez baixar seu preço na Europa e trouxe enfraquecimento da economia às Lavras. Como resultado do declínio da produção e da queda de preço, ocorreu o êxodo da população para outras regiões da Bahia e do Brasil, com esvaziamento da Chapada Diamantina e aceleração do processo de decadência dos garimpos.

Com o declínio da produção dos garimpos, as cidades das Lavras Diamantinas pareciam fantasmas, mas ainda restava a exploração das faisqueiras e, depois, o uso de dragas, regulada nos anos 1980 pelo governo do Estado. Para preservar o local e buscar alternativas, em 1985, foi criado, por decreto da Presidência da República, o Parque Nacional da Chapada Diamantina, situado na Serra do Sincorá, e, em 1993, a área de proteção ambiental (APA) Marimbus-Iraquara. Em 1973, foi feito o tombamento da arquitetura colonial do casario do município de Lençóis pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Bibliografia: Livro “Manual do guia de turismo da Chapada Diamantina" (Rio de Janeiro: SENAC/DN, 2014).

Cultura

Manifestação cultural do Jarê, por Açony Santos @acony

Manifestação cultural do Jarê, por Açony Santos @acony

A população da Chapada Diamantina descende da miscigenação de índios, negros, fazendeiros e garimpeiros que constituíram um patrimônio histórico, cultural, artístico, arquitetônico e uma diversidade cultural que caracterizaram sua identidade.

O conjunto de bens arquitetônicos com características coloniais, uma herança dos mestres de obra de Minas Gerais, artesãos livres e escravos que vieram para a região, foi tombado pelo Iphan, a exemplo de Lençóis, Rio de Contas, Mucugê e Igatu, em Andaraí. Essa arquitetura é marcada pelas vergas em mitra das portas, janelas, fachadas e arcos apontados do estilo neogótico, semelhantes à arquitetura das cidades de Diamantina e Ouro Preto, além de requintes modelados nos detalhes nos peitoris de madeira, caixilhos de guilhotina, beiradas de madeira e massa, frontarias das casas, e os antigos lampiões.

Também exibem arquitetura colonial as diferentes casas menores, com janelas e portas retangulares, marcadas com arcos abaulados, plenos ou ogivais, e fachadas pintadas com colorido forte e diverso, algumas carregadas de vidraçaria, afrescos e estatuetas, que se misturam às pequenas casas de taipa dos bairros ou povoados mais afastados.

Por outro lado, apesar da ostentação da riqueza da arquitetura colonial, as casas de taipa, com telhados cobertos de palhas da palmeira do buriti ou coco de licuri, pisos de chão batido, ainda estão presentes na zona rural, constituindo-se também em atrativos da cultura garimpeira e do fazendeiro.

O garimpo é o principal personagem característico da cultura regional, porém outras figuras merecem destaque e assumem grande relevo: lapidários, capangueiros, vaqueiros e roceiros, pescadores, agricultores, lavadeiras, jarezeiras e benzedeiras, reiseiros e sambadores de roda, marujos e cantadores de chula.

A cozinha do garimpeiro resultou da mistura de vegetais regionais, sementes, cactos, cereais e caças da serra, vísceras de boi e porco. Uma herança da experiência culinária dos primeiros grupos humanos indígenas, dos tropeiros de Minas Gerais, dos baianos da capital e do Recôncavo Baiano, dos negros nagôs trazidos de Angola, e das adaptações aos fatores geográficos, climáticos, culturais e políticos.

História Geológica

Cânion da Cachoeira do Herculano, por Rolê Família @rolefamilia

Cânion da Cachoeira do Herculano, por Rolê Família @rolefamilia

A Chapada Diamantina é muito antiga, com suas rochas formadas há mais de um bilhão de anos. Há 1,7 bilhão de anos, abrangendo a região atual da Chapada, existia um grande mar no interior do continente, conhecido pelos geólogos como Mar Espinhaço, que durou 200 milhões de anos. Há 1,5 bilhão de anos, havia um extenso campo de dunas cortado por rios. Na borda desse deserto existia uma grande cordilheira, de onde desciam rios carregados de areia, lama e cascalho, que durou 150 milhões de anos.

Há 1,35 bilhão de anos, o mar voltou a invadir a região e o ambiente era de plataforma marinha rasa, não ultrapassando 100 metros, que durou 150 milhões. Há 850 milhões de anos, uma grande Era Glacial atingiu a Terra e durou 145 milhões de anos. As montanhas estavam cobertas de gelo e no mar flutuavam grandes icebergs. Há 700 milhões de anos, existia um mar de águas mornas e cristalinas, semelhante ao mar do Caribe, que durou 50 milhões de anos. 

A maior parte das rochas da Chapada são sedimentares, ou seja, foram formadas a partir de pedaços de outras rochas, como cascalho, areia e argila. Transcorreram-se mais de um bilhão de anos de deposição de sedimentos, o que originou uma pilha com vários quilômetros de areia, lama, cascalho e carbonatos. 

Todo esse peso causou uma grande pressão nos sedimentos, fazendo com que estes cimentassem, transformando-se em rocha. A areia virou arenito e os seixos rolados transformaram-se em conglomerados. Durante o processo chamado de diagênese, diversas reações químicas ocorreram, auxiliando no decurso de formação da rocha.

Há 650 milhões de anos, ocorria o nascimento da Serra do Espinhaço, uma grande serra que se estendia de norte a sul, cercada pelo mar Bambuí, processo que durou 150 milhões. Na Era dos Dinossauros, há 240 milhões de anos, num período chamado Triássico, o sol, o vento e a chuva escavavam as rochas. A água, infiltrando-se pelas fendas, formava cânions e vales, esculpindo o relevo. Nessa época o Vale do Capão começava a se formar.

Há 66 milhões de anos, no final de um período conhecido como Cretáceo, o tempo continuava a esculpir o relevo e as serras da Chapada Diamantina começavam a tomar forma. Provavelmente a cachoeira da Fumaça já existia, mas ainda pequena; isso porque é a água, ao longo de milhões de anos, que vai esculpindo e escavando os cânions e vales dos rios.

Entre 15 e 12 milhões de anos atrás, durante a união das Américas, que durou entre 8,5 e 11,5 milhões de anos, o relevo da região já era muito parecido com o que vemos hoje, porém as serras eram mais altas e largas. Há 24.500 anos, na última Glaciação, que durou cerca de 10 mil anos, o relevo da Chapada já era praticamente o mesmo de hoje. O Morro do Pai Inácio e as grutas já existiam. O gelo não chegou até a região, mas as temperaturas eram mais amenas e o clima mais úmido.

Bibliografia: Livro “História Natural da Chapada Diamantina (Rodrigo Valle Cezar, Vanessa Aparecida Camargo. 1 ed. Rio de Janeiro: Gregory, 2016)”.

Fauna

Macaco-prego-do-peito-amarelo (Sapajus xanthosternos), por Clara Atticiati @ver.de.clara
Casal de Saí-Azul (Dacnis cayana), por Pedra Lascada Expedições

Esquerda: Macaco-prego-do-peito-amarelo (Sapajus xanthosternos), por Clara Atticiati @ver.de.clara

Direita: Casal de Saí-azul (Dacnis cayana), por Pedra Lascada Expedições

A variedade de biomas da região serve de berço a inúmeras espécies, o que faz a fauna local ser considerada riquíssima por biólogos e pesquisadores. Aqui são encontrados quase todos os tipos de animais do país, exceto casos extremos, como tucano e lobo-guará. Espécies como mocós, raposas, tamanduás e guigós podem ser avistados nas trilhas da região.

O caso do guigó-da-caatinga (Callicebus barbarabrownae) é emblemático. Essa espécie de primata endêmico do Nordeste, encontrada apenas nos estados da Bahia e de Sergipe, está na lista da extinção na categoria “Criticamente Ameaçado”.

Entre os mamíferos, também podem ser encontrados tatus, porcos-do-mato, macacos, veados, raposas, capivaras e grandes felinos, como onça e sussuarana. Algumas espécies foram consideradas extintas da região, como anta, tatu-canastra e tamanduá-bandeira. Consequência da caça e da destruição do habitat desses animais, provocada pelo garimpo, pelo fogo, pela exploração de madeira e pela pecuária.

Existem poucos estudos a respeito dos animais que vivem na região. Há pouquíssimos trabalhos sistemáticos, e os que são feitos está espalhado por universidades em todo o Brasil. Os pássaros são os animais mais pesquisados, já foram catalogadas cerca de 370 espécies no Parque Nacional da Chapada Diamantina e em seu entorno. O conhecimento sobre as aves é de grande relevância para a conservação, pois atuam como agentes polinizadores, dispersores e predadores de sementes, controladores de populações e de vários tipos de invertebrados. Além disso, são boas indicadoras de qualidade ambiental, pois certos grupos são bastante sensíveis e não resistem a alterações no ambiente.

Uma delas, porém, é especial. O beija-flor-gravatinha-vermelha é considerado por especialistas a ave-símbolo da Chapada Diamantina por ser endêmica, ou seja, existente apenas na região. Ele vive entre a região de Rio de Contas e Morro do Chapéu, incluindo a área do Parque Nacional.

Superando as aves, talvez os animais mais avistados durante as trilhas na Chapada sejam os lagartos, popularmente conhecidos como calangos, com 18 espécies vivendo na região. Um deles, do tipo papa-vento, gênero Enyalius, é endêmico; há outros tipos que não possuem pernas, o Amphisbenios. Também vivem aqui o menor e o maior lagarto do Brasil. O primeiro é o Coleodactylus meridionalis, do tamanho de uma moeda de R$ 1, e o segundo é o conhecido teiú.

A Chapada Diamantina é uma região silvestre e abriga quase todos os tipos de serpentes peçonhentas do Brasil, exceto a surucucu, encontrada na Amazônia e Mata Atlântica. Há 3 grupos principais: jararaca, coral e cascavel. Embora estejam espalhadas por toda a região, os acidentes com esses animais não possuem número significativo em áreas turísticas. Porém, o encontro com esses animais é comum, sendo necessário que condutores e visitantes encarem tal contato com calma e naturalidade, afinal de contas, elas que estão em seu habitat natural.

Os riscos maiores são provocados pelas próprias pessoas. As serpentes evitam o contato com o humano, afastando-se das trilhas mais movimentadas, e só irão efetivar um ataque se realmente se sentirem ameaçadas. São as abelhas e vespas que apresentam maior risco de acidentes nas trilhas. É importante tomar algumas precauções para evitar que esses insetos fiquem irritados, como não utilizar roupas pretas e amarelas, não usar perfume forte, não passar por elas em horários de sol muito quente e, principalmente, quando estão voando sem direção.

Bibliografia: “Manual do guia de turismo da Chapada Diamantina (Rio de Janeiro: SENAC/DN, 2014) e “Guia de Viagem Chapada Diamantina (9ª edição, Vigência 2023-2025)”.

Flora

Erva-de-rato (Palicourea marcgravii), por Rolê Família @rolefamilia
Crista-de-galo (Spigelia pulchella), por Rolê Família @rolefamilia

Esquerda: Erva-de-rato (Palicourea marcgravii), por Rolê Família @rolefamilia

Direita: Crista-de-galo (Spigelia pulchella), por Rolê Família @rolefamilia

A Chapada Diamantina situa-se no centro do Estado da Bahia, destacando-se por sua altitude e irregularidade do relevo, que aliados às chuvas abundantes criam um lugar muito especial, com rios que correm sobre leitos de pedras polidas, formando cascatas, cachoeiras e poços fundos, entre serras cobertas com enorme variedade de plantas adaptadas a esse clima tão particular. 

Assim, na região ocorrem os mais variados tipos de vegetação, sendo traduzidos como “mosaicos” cujos habitats guardam características próprias vistas naqueles locais. Os primeiros levantamentos na região foram feitos pelos naturalistas Martius e Spix, no século 18. Hoje, cientistas brasileiros e estrangeiros continuam fazendo novas descobertas nas vastas serras da Chapada, em um esforço enorme de descobrir, catalogar e proteger sua rica flora.

Campo Rupestre

Esta vegetação ocorre nas serras acima de 800 metros de altitude, sobre afloramentos rochosos. As plantas deste bioma são adaptadas a resistir a flutuações rápidas e severas de temperatura e umidade, como também a forte insolação nos topos das serras. 

São plantas xerófitas, com muitas adaptações para reduzir a perda de água: as bromélias apresentam folhas no formato de um copo para coletar água da chuva, e outros grupos possuem folhas rígidas e grossas, ou pequenas e cobertas com cera, ou com densos pelos. As raízes ou caules são muitas vezes modificados para armazenar água e nutrientes que permitem a planta sobreviver a seca e ao fogo. Muitas vezes, as plantas possuem adaptações especiais para utilizar a umidade do ar à noite, permitindo seu crescimento mesmo sobre pedras lisas, sem o mínimo de solo, e com chuvas somente esporádicas.

O campo rupestre é considerado pelos botânicos como a formação mais bonita e original da Chapada Diamantina. Constitui-se de inúmeras espécies endêmicas, com distribuição muito restrita. São inúmeras orquídeas, bromélias, cactos, filodendros, velózias, begônias, melostomatáceas e centenas de outras plantas que compõem um jardim natural nas pedras da serra. 

 

Campos gerais

São extensos campos abertos e planos, usualmente encontrados acima de 900 metros de altitude, cobertos por um solo arenoso, branco, fino e, em geral, raso, originário de rochas quartzíticas da serra. Este solo tem baixa fertilidade e é extremamente ácido. Permanentemente encharcado nas chuvas, devido ao lento escoamento, ele seca rapidamente quando termina o período chuvoso, por não possuir grande profundidade e condições físicas para reter a umidade.

A condição de solos fracos, aliada aos frequentes incêndios que castigam a serra, resultou em um ambiente que suporta apenas plantas de baixo porte, como gramíneas, ciperáceas, xiridáceas, palmeiras baixas, sempre-vivas e diversos arbustos. Os campos gerais e os campos rupestres, juntos, representam aproximadamente 90% da área total do Parque Nacional.

 

Florestas

Há, basicamente, 3 tipos de florestas na área do Parque Nacional: floresta de planalto, floresta de encosta e floresta ciliar, que estão sujeitas a variações sazonais de chuva durante o ano – chuva intensa no verão (novembro-fevereiro), seguida por uma estiagem (julho-outubro). As árvores perdem suas folhas parcialmente na estação seca, mas as florestas mantêm seu aspecto verde.

A floresta de planalto ocupa o leste das serras da Chapada, em altitudes entre, aproximadamente, 400 e 600 metros acima do nível do mar, fora da área de influência do garimpo. As árvores crescem em latossolos profundos, ácidos, com poucos nutrientes, aproveitando o alto índice pluviométrico influenciado pela serra. Observando bem o cenário, acredita-se que sejam vestígios de florestas antigas que outrora cobriram uma área bem maior do nordeste e, possivelmente, faziam ligação entre a Floresta Atlântica e a Floresta Amazônica.

A floresta de encosta densas, de porte médio-baixo, ocorrem sobre solos arenosos e normalmente finos entre os matacões de rocha nas encostas das serras entre 500 e 1000 metros de altitude. Geralmente, estão compostas de uma mistura de espécies comuns às florestas ciliares e outras encontradas nas partes mais altas da serra, onde se localizam os campos gerais e os campos rupestres.

A floresta ciliar está localizada ao longo dos cursos de rios e córregos. Estas matas variam de largura, mas normalmente não se estendem por mais que algumas dezenas de metros, dependendo da umidade do solo, da topografia do local, e da frequência de enchentes e/ou incêndios. Estas faixas relativamente estreitas de mata tem uma grande variedade de espécies de árvores, todas de porte baixo, em média 10-15 metros de altura. Há lianas, musgos, samambaias e epífitas nas áreas mais úmidas. Muitas vezes, a mata é interrompida em áreas abertas, rochosas, nas quais é encontrada uma vegetação semelhante a do campo rupestre ou com muitas espécies invasoras, já que são áreas comumente degradadas pelo fogo.

 

Cerrado

Apresenta várias fisionomias, de campos abertos até formações florestais (cerradão). O estrato herbáceo-subarbustivo é composto, principalmente, por gramíneas, arbustos pequenos (que muitas vezes possuem sistemas subterrâneos bem desenvolvidos para buscar e armazenar água), e espécies efêmeras (anuais). As árvores normalmente são dispersas, com até 10 metros de altura, casca grossa, caule e ramos tortuosos e, geralmente, mantêm suas folhas grandes e grossas durante o ano todo.

A vegetação do cerrado cresce em solos profundos, com boa drenagem, muito ácidos, pobres em nutrientes. Como consequência do longo período seco (e o relâmpago comum no final da época da estiagem), fogos são muitos comuns e as plantas mostram muitas adaptações para resistir às chamas, como cascas grossas, proteção das gemas que formarão novas folhas, flores e ramos, e capacidade bem desenvolvida de rebrota das raízes.

 

Caatinga

Este tipo de vegetação é altamente adaptado ao clima extremamente seco do nordeste do Brasil, com pouca chuva em intervalos irregulares, e uma estação seca que dura até 8 meses. As árvores e arbustos, normalmente, são baixos (em volta de 6 metros), com caules e ramos espinhosos, casca grossa, e raízes bem desenvolvidas. Com poucas exceções (como as palmas, cactos e bromélias terrestres) as plantas são decíduas. Ervas anuais crescem somente durante a curta estação de chuva.

 

Áreas pantanosas (Marimbus)

Associadas com as florestas de planalto na boda leste do Parque Nacional, estão as áreas pantanosas, conhecidas como “Marimbus”. Entre as cidades de Lençóis e Andaraí, os rios Santo Antônio, Utinga e São José alargam-se e espalham-se formando lagos rasos, separados uns dos outros por um denso e quase impenetrável labirinto de “taboa”. 

 

Áreas de transição

Uma zona de transição não representa um tipo só de vegetação, mas sim o resultado das interações de vários fatores relacionados com altitude, o ângulo de exposição ao sol, inclinação do terreno, geologia local, a composição e profundidade do solo, o microclima, etc, que ocorre quando duas (ou mais) formas de vegetação entram em contato (tipo caatinga com campo rupestre, ou cerrado com caatinga, etc.) – resultando em zona de transição rica em espécies de plantas (e animais) derivadas dos dois biomas.

 

Áreas antropizadas

Há vários nomes para áreas com a vegetação altamente alterada devido ao fogo repetitivo, erosão, garimpo, roça, ou outras ações antrópicas, dependendo do tipo de solo e a vegetação local. Um exemplo é o nome “capoeira”, área onde o fogo e/ou desmatamento já ocorreu, mas os solos argilosos e profundos permaneceram intactos, e a recuperação natural da vegetação de floresta é possível. São matas com árvores de pequeno porte, sempre muito adensadas, também chamadas de “matas secundárias”. 

Existem muitas áreas na região com comunidades pioneiras de plantas que, aos poucos, cobrem totalmente áreas degradadas, como aquelas que foram sítios de garimpo. As espécies variam de acordo com o substrato residual e a altitude, mas devido à falta de solo e os efeitos dos incêndios, a vegetação é sempre rala e baixa. Muitas destas áreas levarão milhares de anos para se recuperar por completo.

Bibliografia: “100 flores nativas do Parque Nacional da Chapada Diamantina (Roy Funch, Lígia Funch. Feira de Santana: Print Mídia, 2014)” e “Plantas úteis - Chapada Diamantina (Ligia Silveira Funch, Raymond Harley, Roy Funch, Ana Maria Giulietti, Efigênia de Melo. São Carlos: RiMa, 2004)”.

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